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9 de nov. de 2014

SISTEMA CARCERÁRIO BRASILEIRO,
ÚLTIMO LOGOTIPO DO QUE É COMPANHEIRISMO

É no caótico estado de abandono, balbúrdia e ignobilidade do sistema carcerário brasileiro que se encontra a maior demonstração do que é companheirismo no seio desse governo que nos governa.

É o caos dessas masmorras atuais que mostra o que significa ser "companheiro" para a pandilha que faz parte do jeito criminoso de ir governando esse país, desde 1985, quando Zé Sarney foi feito o primeiro presidente desse triste tempo de pérfida e apóstata redemocratização.

Ao deixar os presídios como estão, com esse feitio de calabouços, as cadeias só servirão como depósitos para malfeitores descamisados, pés descalços, pés-de-chinelo, pobretões infelizes sem dinheiro e nem pó no bolso para constituir os advogados de elite que os ponham em liberdade, antes que saibam o que é reabilitação para viver e conviver em sociedade.

É por isso que os ministros de Justiça do Brasil Dilma da Silva são ministros da Justiça do Governo e não do Estado. E tem sido assim, nesta safra de Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma Vana. A lista é longa dos que foram feitos ministros da Justiça que, dentre outros deveres, tiveram a obrigação de zelar pelo sistema prisional, organizar e administrar os presídios nesse País.

É por isso que eles - uns depois dos outros - não moveram e nem movem uma palha, um músculo, para dar um mínimo de condição humana ao sistema prisional.

Os presídios abrigam hoje indiscriminadamente ladrões de barras de chocolate num supermercado com arrombadores de caixas eletrônicos.

Não misturam, no entanto, consultores e lobistas corruptos ativos e passivos com tarados e comedores até da galinha dos vizinhos.

O que os homens da lei, em nome da ordem e do progresso, não podem, de jeito nenhum, amigo e companheiro, é entregar pros homens os malfeitores da coisa pública, os notórios mensaleiros e petrozoneiros - gente boa, da sua turma. Esses, não se misturam.

Com instalações "inadequadas" sem o conforto recomendado pela lei para os presos agraciados com os regimes de detenção abertos e semiabertos, todos eles - seja lá qual for o seu grau de periculosidade - ganham o arreganhado, libertino e zombeteiro regime caseiro.

Estão todos na maior vida boa, no doce aconchego do lar, doce lar, sem que haja qualquer comprovação de que tenham se reabilitado. Eles formam a casta dos prisioneiros domiciliares. Melhor dito, companheiros domiciliares.

Isso permite à sociedade pensar que eles estão fazendo nas suas cadeias domésticas, o que sempre fizeram na vida: urdindo, em domicílio, golpes e manobras que chamam de "estratégias político-partidárias". São todos grandes políticos, notórios estadistas.

Isso dá ao povo razão para imaginar que estejam tentando recuperar o tempo e as malas que perderam quando estiveram fazendo uma "visitinha de médico" à Papuda, ao Tremembé e a outros hotéis sem classificação estelar, lado a lado com aqueles que não nasceram virados pra lua, com uma estrela no fundo do peito. Nenhum deles esteve na iminência de ser alojado no Complexo de Pedrinhas, em São Luiz do Maranhão e de Sarney.

É só por isso que o sistema carcerário brasileiro é desumano, caótico, ignóbil e um barril de pólvora que ameaça todo aquele que não teve a estrela de nascer para ser chamado e tratado como "companheiro" nessa grande a/ventura que é a vida.

É preciso que seja assim. Porque é bom, bom e oportuno, meus caros e embasbacados amigos, que não se tenha nesse Brasil Dilma da Silva instalações adequadas para apenados merecedores de celas especiais, próprias para regime semiaberto e similares; é bom demais para companheiros mensaleiros e petrozoneiros.

Percebe-se, pois, que o caos dos presídios se consagra como a marca mais forte, talvez o último sinal, o derradeiro logotipo de que, nesse governo que nos governa, ainda brilha a velha chama do "companheirismo". E, pelo visto e revisto, vai ser eterna enquanto dure.

Essa dura verdade, no entanto, não aprisionará a mensagem que coloca o cidadão de bem acima de todo o mal que desagrega a sociedade: amigo é amigo; companheiro é companheiro.

O mais pernicioso malfeitor para um regime democrático é aquele que conta com quem encontre o "grampo dos autos"; é aquele que usa a lei para burlar a lei.

RODAPÉ - De 1985 para cá, estiveram ministros da Justiça do Governo, os seguintes doutos senhores, atarefados em demasia para darem aos presídios as condições de casas de reabilitação, como manda a Constituição: Ibrahim Aby-Hackel, Fernando Lyra, Paulo Brossard, Dias Correia, Saulo Ramos, Zé Bernardo Cabral,  Jarbas Passarinho, Célio Borja, Dupeyrat Martins, Nelson Jobim, Milton Seligman, Íris Rezende, Jesus Filho, Renan Calheiros, Zé Carlos Dias, Zé Gregori, Aloysio Nunes, Reale Júnior, Paulo de Tarso, Thomaz Bastos, Tarso Genro, Paulo Barreto e Zé Eduardo Cardozo. À inoperância deles no desempenho da missão de organizar, administrar, garantir e promover a cidadania, a justiça e a segurança pública, se deve o desmoronamento do sistema prisional no Brasil Dilma da Silva.