DÓ DE PEITO
No meio dessa barafunda toda que vai acabar caindo no colo do Supremo Tribunal do Governo Federal, sob a batuta do maestro Lewandowski que toca de ouvido e muito afinado, surgiu impoluta a triste figura de Humberto Costa ensaiando um canto solo para as galerias vazias.
Fingindo que é capaz de atingir um dó de peito, estilhaçou os ouvidos da sinfônica sem plateia: "Ninguém aqui está pedindo um cheque em branco". Roufenho e sem alcance, o cantor de camarim pensa que o povo é bobo.
Claro que ninguém ali está pedindo um cheque em branco. Nem precisa, o cheque já foi dado.
Dilma passou a propina, por escrito no Diário Oficial da União e com valor estabelecido. Cada aliado ao golpe da "conta-de-chegar" se deixou seduzir no mínimo por R$ 700 mil.
Não sei por que, mas fiquei com a impressão de que estava assistindo à reprise daquela ópera bufa do Escritório Rendez-vous da Presidência da República, em São Paulo.
Lá, o grande maestro regia com sua batuta, por baixo dos panos do porno-espetáculo, a maestrina Rose que garantia uma orquestração de quinta categoria sob acordes prostituídos.
E assim é que nessa República dos Calamares, os polvos se repetem nos polvos; os homens se repetem nos homens. E as mulheres, também.