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2 de abr. de 2011

Ali Babá e a Elba

Seu Encarnado, aquele que ainda não desencarnou da Presidência, desceu a rampa no dia 1° de janeiro deste ano, dizendo que ia fazer e acontecer até provar, com toda força que o "mensalão" era uma farsa.

E por que razão, tendo tanta coisa pela frente que deixou de fazer quando estava no Palácio, ele queria se dedicar a "desmarcarar" o maior escandalo de um governo na história do Brasil? Por puro amor e carinho a Zé Dirceu e seus 40 mensaleiros é que não seria. O mais provável é que estivesse incorporado ao rolo. Melhor seria tirar o corpo fora nessa batalha em causa própria.

Agora, porém, já começam a aparecer os indícios de que havia um Ali Babá que bradava a frase mágica "Abre-te Sésamo"! É que saiu o relatório final da Polícia Federal confirmando a existência do mensalão no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

A PF levou seis anos investigando a maracutaia, enfim, concluiu que o Fundo Visanet, com participação do Banco do Brasil, foi uma das principais fontes de financiamento do esquema montado pelo publicitário Marcos Valério.

O documento da PF está na revista Época desta semana. A reportagem acaba com a promessa feita em tom de basófia pelo ex-presideus de provar que o mensalão nunca existiu; que ele seria uma farsa montada pela oposição.

O relatório dos Intocáveis nacionais mostra, tintim por tintim que, dos quase R$ 350 milhões saídos das burras públicas do governo Lula diretamente para as lavanderias de Valério, os recursos que mais se transformaram em pagamentos políticos eram ensaboados pelo fundo Visanet.

E, quem comprar a Época vai ler bem direitinho, que o trabalho da PF confirma que o segurança Freud Godoy, que era pau pra toda obras de Lula nas campanhas presidenciais de 1998 e 2002, recebeu R$ 98,5 mil do esquema do valerioduto.

E é justamente aí que a porca começa a torcer o rabo; o ronaca e fuça, é na direção do até então intocável pelos Intocáveis. Aparece no relatório que Freud saiu de cima e contou primeiro à PF que se tratava de "pagamento dos serviços de segurança prestados a Lula na campanha de 2002 e durante a transição para a Presidência".

Só isso já serviria para revelar uma ligação íntima de Lula com o mensalão. Logo depois, no depoimento aos Federais, Freud deu com a língua nos dentes que o dinheiro serviu para cobrir parte dos R$ 115 mil que lhe eram devidos pelo PT. Quer dizer, sujou. Isso aí já é mais promíscuo do que aquele amor fatal de Fernandinho Beira-Collor com uma simples e fajuta Elba.

Esse relatório vem na contramão do rumo que Zé Dirceu vem querendo dar ao julgamento do processo que corre desde 2005 no Supremo Tribunal Federal. E bate de frente com a ameaça do Seu Encarnado que rouquejou com força que o mensalão era farsa. Agora que já existem ligações de primeiro grau, aquele que ainda não desencarnou da Presidência, já pode gritar às escâncaras e a céu aberto diante do habitual esconderijo: "Abre-te Sésamo"!

ENTREMENTES...

A banda governista, se adianta e desdenha do relatório final da PF e, do alto de seus maiores índices de credibilidade e do mais rígido comportamento ético, desmente a Polícia Federal e diz que o documento "não altera a versão petista". Então, tá tudo dominado. O PT falou tá falado. O PT não mente.


E muito menos mente, ou falta com a verdade, o ínclito deputado petista Candido Vaccarezza, líder do governo na Câmara. Ele não consegue esconder, no entanto, que houve um erro confesso: o Caixa 2.

Explica, mas não justifica: "O que eu posso dizer é que não houve transferência de dinheiro público, muito menos a acusação do procurador de formação de quadrilha". Vaccarezza está certo; a PF é que está errada. Ah, bom.