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5 de abr. de 2011

Assim o Vôlei não tem Futuro

Essa coisa de dividir o país em Brasil dos ricos e Brasil dos pobres; Brasil dos brancos e Brasil dos negros; Brasil das elites e Brasil dos excluídos; Brasil dos patrões e Brasil dos empregados; Brasil dos machos e Brasil dos gays já está virando um troço esculhambofólico.

Foto/Div. Ricardinho e Michael (Dir).
Bastaram oito anos de poder para a esculhambofobia ganhar proporções que beiram não só a histeria, como a babaquice consentida em nome do politicamente correto, justamente num país em que a política de séria e de correta não tem nada.

O Pior de tudo é que o país que deveria ser dividido em Brasil das Pessoas e Brasil dos Políticos, não tem jeito de ser viabilizado, por absoluta falta de vontade política e de indignação popular. O brasileiro já está acostumado a ser tratado como pária por essa raça intocável, imune e impune.

Agora, é a vez da Superliga masculina de vôlei provar que dessa água não bebe. Michael, jogador de mais de dois metros de altura, que atua no time do Vôlei Futuro, queixa-se de que foi perseguido por gritos homofóbicos e organizados durante o jogo de sexta-feira passada contra o Sada/Cruzeiro, na cidade de Contagem (MG).

Reprodução/ Ministra Matilde
Não que por isso seja um herói, mas Michael teve a, digamos, ombridade de admitir na terça-feira também passada à equipe do Lancenet que é homossexual.  
É opção dele, ora essa. Mas ele acha que sua escolha, facilmente revelada nos gestos, não precisa nem deve ser comentada em público, muito menos usada como um tipo coletivo de agressão pessoal. Ele disse que foi chamado de "bicha" pela maior parte dos torcedores presentes no ginásio, em coro.

Michael, excelente jogador, sentiu-se dimunuído e achincalhado por isso. Não soube fazer do limão uma limonada. Era só transformar, com o seu talento, a ignara massa ululante em ferramenta de marketing. Desse jeito, os seus detratores vão se encher de razão e acabar achando que gay não serve para jogar vôlei, ou qualquer outro esporte de alto-rendimento.

Melhor fazer como fazem os árbitros de qualquer modalidade esportiva popular, como o futebol e o vôlei, quando são chamados o tempo todo de filhos disso e daquilo, filhos dessa e daquela.

Tem juiz que não é nada disso, mas é chamado pelas arquibancadas em peso de tudo que não é. Mata no peito e sai apitando a torto e direito. O árbitro que é mesmo bom e batuta, não tá nem aí. A coisa já não era mesmo novidade no bar da esquina, nem na barbearia do Zé das Toucas...

Reprodução/ Ministro Edson Santos
Tá, reconhecer é preciso, é mais comum ver-se um juiz filho da mãe num estádio de futebol do que um jogador de rede com alma bem mais sensível numa quadra de vôlei. Isso, porém, não cala, nem dá bons modos às arquibancadas. Não é esse tipo de hostilidade própria das paixões exarcebadas do esporte de massa que mudam o comportamento, a performance em campo, ou na quadra.

Nem é batendo pé e reclamando que os malcriados vão ser bem comportados e parar com os excessos. Torcida é assim. Não tem como xingar de maneira politicamente correta. Então, não é torcida; é claque. E uma quadra de vôlei não será uma quadra, será mais um palanque para quem tem orelhas só para os aplausos.

Essa invencionice do Seu Encarnado - Aquele que ainda não desencarnou do governo - de repartir o país em Brasil dos homens e Brasil das Mulheres; Brasil assim e Brasil assado é que vem causando essa esculhambofobia toda.

Reprodução/Ministra Luiza Bairros
Não é nada, não é nada, qualquer dia os branquelos vão reclamar porque a Dilma fez o que Lula sempre fez e nomeou um titular afro-descedente para o Ministério da Igualdade Racial. Desde que, em 2003, foi criada a Secretaria da Promoção da Igualdade Racial, não deu um branco na pedra. Nem é preciso. Como o próprio organismo estatal com status de ministério também não é preciso, nem tem a menor necessidade - a não ser a gloriosa missão de consgrar-se como mais um enorme cabide de emprego.

Voltando à vaca fria, lá em Contagem onde não deixam as cinzas de Zé Alencar descansar em paz, o árbitro não relatou a homofobia na súmula.

O Vôlei Futuro, no entanto, encaminhou no mais típico choro de perdedor, um relatório ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei e está cobrando providências. A bronca é contra a torcida organizada do Cruzeiro, composta na oportunidade por homens, mulheres, crianças e, pelo visto, nenhum homo sapiens.