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9 de abr. de 2011

PATRÃO SEM ENCARGOS


Trouxa é quem se anima a montar uma empresa privada, sob o monturo de taxas, impostos, obrigaões fiscais e trabalhistas que o poder público brasileiro joga em cima dos crédulos empreendedores que, logo ali adiante, serão estigmatizados como "patrões" pelos políticos profissionais de portas de fábrica, travestidos de "trabalhadores".
 
O melhor é fazer como Seu Encarnado - aquele que ainda não desencarnou, nem vai desencarnar da coisa pública - e abrir logo uma ou duas organizações não-governamentais e, quem sabe até, uma rede tipo franquia, em forma de instituto, fundação, federação, confederação, ou coisa que o valha.
 
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A artimanha livra de tributos o benemérito cidadão acima de qualquer suspeita e deixa o campo livre, leve e aberto para a obtenção de recursos, fartos recursos - sabe de onde, sabe? - das gordas tetas do governo, das dadivosas burras públicas.
 
A esperteza livra a cara dos benemerentes senhores porque só no Brasil organizações não-governamentais vivem e sobrevivem às custas do governo. Em outros países elas são criadas para fazer o que os governos não fazem.
 
O golpe é tão descarado que agora qualquer ONG se chama OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Assim, sim. Se já não são mais "não-governamentais", então podem meter a mão nas cumbucas públicas. Com as devidas e honrosas exceções, o luxo do lixo acaba no depósito das instituições isentas de tributação.
 
Melhor que isso, nem mesmo as empresas laranjas que servem de pomar para recolher os frutos que estão caindo de maduro na horta das entidades que de governo não tem nada, a não ser favores. Melhor que isso, nem essas igrejas de fundo quintal que, por menos ou pouco mais de R$ 500 ganham alvará de funcionamento para distribuir cadeiras cativas no céu.
 
Está bem, dia 18 de março - é preciso que se diga - o Cara registrou na Junta Comercial de São Paulo, a gloriosa LILS Palestras, Eventos e Publicações Ltda. Ele tem 98% ou 99% da empresa e seu sócio 1% ou 2% da novel iniciativa comercial.
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Mas quem ganhou uma Land Rover zerinho da Silva, por uma palestra de 40 minutos no Clube Monte Líbano, de São Paulo, foi o Instituto Cidadania que logo ali pode atender pelo codinome de Instituto ou Fundação Lula, por acaso, da Silva.
 
Fica então o sinal dos tempos: todo aquele que registrar uma empresa de verdade, deve lançar concomitantemente uma OSCIP. É de interesse civil e público. E quem sabe até alçar-se ao quadro dos que fazem jus, a um carro blindado.
 
De resto, o que fica de bom e verdadeiro é que aquele recente registro na Junta Comercial, acabou liquidando de vez com a antiga figura do trabalhador metalúrgico - há muito aposentada - e criando para sempre o novo personagem da relação capital e trabalho: o empresário Luiz Inácio Lula da Silva - especialista em discursos e palestras. As publicações, decerto, sairão das teclas de um escritor-fantasma, o velho e diligente ghost writer de sempre.
 
Enfim, já não há como esconder o grande final desse espetáculo tragicômico: o trabalhador de vida pública, acabou como um patrão na privada.