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18 de jan. de 2015

A PENA DE MORTE ESTÁ NA MODA

Há fatos que desenterram divergências mortas e sepultadas e dão vida a pontos fundamentais de uma democracia que, renascidos, entram na moda.

O fuzilamento desse brasileiro viciado em voos livres lá na Indonésia botou na vitrine a discussão sobre a pena de morte.

Então, de repente, eis os brasileiros se digladiando diante do dilema de o homem ter ou não ter o poder de matar o homem.

E a gente quase nem se dá conta de que, ao ceder à tentação de conceder ao homem esse poder, não é ao homem que se está conferindo tamanha força; é ao Estado que, travestido de governo, toma o lugar do homem.

Então, essa discussão toda é inútil. É só uma questão polêmica que entrou na moda... Já existe pena de morte no Estado brasileiro; já existe pena de morte no governo brasileiro.

Essa coisa de, em nome da democracia morena, vermelha, estrelada, a sociedade delegar poder ao animal social de decidir sobre a vida ou a morte já se incorporou há muito tempo ao regime nacional.

São incontáveis os donos de poderes absolutos do governo que vem prendendo, arrebentando e ferindo de morte a democracia, mesmo que mal construída, mas democracia, desse Brasil da Silva.

Há núcleos de dominação definitiva, de poder final decidindo o tempo todo sobre as nossas vidas: o Palácio do Planalto mata o Congresso que conseguira escapara do Supremo Tribunal Federa que define o que é bom pra tosse de todos os brasileiros.

O presidente do Senado grita “Bandolo!” e o presidente dos deputados completa “Krig-ha, enforca!”... E há os tribunais especiais de Justiça fazendo a justiça com a cabeça de magistrados indicados pelo governo.

Há ONGs de fachada, institutos-lavanderias, cartéis de empreiteiras, bancos disso e daquilo financiando o crime organizado oficial; há os donos do futebol e os cartolas de todos os esportes; os ministros paus-mandados.

Onde houver uma porta aberta de um organismo público há um núcleo de poder estabelecido, pronto para cometer uma execução. O Brasil da Silva é uma grande esplanada de mistérios condenatórios.

É estabelecido ali e por ali, que o poder é injetado nas artérias da nação e fere de morte as ilusões; é por ali que ele mata esperanças, que o governo condena para sempre as dignidades.

Há, no Brasil da Silva, um permanente, desumano e desapiedado poder de vida e de morte do aparelhamento do Estado sobre nós, com o qual já nos acostumamos.

Um poder que só paramos para discutir, porque ontem o presidente da Indonésia mandou matar, em nome do Estado e da Justiça deles lá, um brasileiro que encheu de pó os tubos de uma asa-delta, seu vício derradeiro.


Joko Widodo foi inclemente porque tinha que cumprir “uma promessa de campanha”. E, em nome do governo, deixou o Estado matar. E, então, até que enfim... Estamos todos indignados.