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18 de set. de 2014


SILÊNCIO RETUMBANTE

Nunca antes na história desse país um calado falou tanto numa dessas CPIs de Carnaval, quanto o homem-bomba Paulo Roberto Costa, o Paulinho Buscapé. Usando um bigode como disfarce, ele entrou mudo e saiu calado.

Quando abriu a fossa foi para dizer que não tinha "nada a declarar". Já se esperava isso mesmo. De onde menos se espera é justamente dali que não sai coisa nenhuma.

O silêncio que garantia ao depoente os benefícios da delação premiado foi gritante. Disse o que já ninguém precisava ouvir para saber o que é o espirito de porco que protege como um anjo guarda-costas o espírito de corpo de uma pandilha de sevandijas que tomou de assalto a Petrozorra.

A sala da CPI foi transformada numa pequena praça da apoteose de um desfile momesco de cinismo e hipocrisia. Não se esperava nada diferente de senadores e deputados. Salvo horrorosas exceções.

Uma coisa é certa: quem mandava em Paulo Roberto Costa quando ele agia dentro da Petrobrás, continua mandando nele agora que usa algemas, ao invés das luvas de veludo que usava para dar bons tapas nos cofres da estatal do petróleo que é deles.

E assim é que todo mundo sabe agora porque Dilma Coração Valente disse, na véspera da cordial visita de Paulinho ao Congresso Nacional, lugar de bons negócios, que não tinha a "menor preocupação" com relação ao que ele diria na CPI do Petrolão.


EIKE BATISTA ESTÁ SÓ

A Justiça bloqueou R$ 1 bilhão e meio de Eike Batista. Mas deu com os burros n'água: só encontrou a mixaria de R$ 117 milhões.

A disponibilidade do empresário que, como é habitual no Brasil da Silva, parece que agiu sozinho no engenho e arte de fazer amigos e enganar pessoas, não comportou o valor do bloqueio.

Daqui pra frente a Justiça poderá sequestrar imóveis, veículos, aeronaves e outros bens.

Uma das acusações é que ele usava informações privilegiadas para golpear terceiros.

Sua relações com pessoas "não comuns" e com mandachuvas de organismos públicos facilitavam a falcatrua e a tapeação. Facilitavam, mas hoje não é bem assim.  Os tempos são outros.

Eike Batista hoje já não é mais aquele companheiro bom e batuta, cortejado por mulheres de coleira, por figurões especializados em criar facilidades e intermediar negócios e até criadores de criaturas de toda fauna e flora.

Parece até que tem lepra. Os companheiros de outrora fogem dele, como o diabo foge da cruz.

Eike, coitado, está se sentindo abandonado pelas elites da companheirada.

Qualquer dia, qualquer hora, resolve botar a boca no trombone e contar numa eventual CPI tudo que não viu, não ouviu, não sabe e não fez.

Por enquanto, já que está no fundo do poço, Eike está pensando que pode haver ainda uma saída honrosa: começar a cavar o mais que puder até chegar à camada do pré-sal.