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24 de jul. de 2013

Depois de 2 mil anos fui à missa

No ar o tilintar da sineta; o milagre da conversão.

Acabei de ir à missa do Papa Francisco. Gente boa. Já fiquei sabendo assim de cara que o talento é a alma do homem e o sucesso é a razão dos que pensam que são os tais. Não foi bem assim que ele, Francisco, disse; o que ele falou foi algo como "a fé é o corção espiritual do povo"...

Mas, tá bom, a missa foi supimpa. Uma pequena, como diria, uma pequena decepção na homilia de Francisco. Pô, ele não pediu para votar em Dilma no ano que vem e nem tampouco rezou que Lula é a salvação do povo.

Depois veio a oração da comunidade e, ninguém - dentre tantas orações - pediu para rezar pela cura gay nem nada... Mas aí tá bem, acho até que nem cabia, né não?

Ah sim, o Alckmin apareceu. Tava melhor acomodado que todo mundo na basílica. Bem ali, na turma do gargarejo... Ei, cadê as hóstias que estavam aqui?!?

Aí veio a liturgia eucarística e, quer saber duma coisa? Eu sou meio ateu assim como FHC, meio agnóstico tanto quanto Dilma é sincrética apóstólica e coisa e tal, mas nem chego aos pés de ser meio fiadisso e fiadaquiolo quanto o Lula...

Mas, em verdade, em verdade, vos digo: se o papa me convidasse... Eu iria! Esse cara é gente boa, não é como certos espertalhões que se dizem filhos do Brasil só porque Deus é brasileiro.

E chegou a hora da oração eucarística... Pô que saudade. Bateu saudade, sim senhoras e senhores! Lembro que perdi o lugar de coroínha titular, na capela do Colégio Gonzaga, porque o outro sacristão era mais forte do que eu e me roubou a sineta na hora de tilintar e de mostrar quem é quem numa missa de domingo, antes do joguinho de futebol no pátio do educandário.

Sinceridade? Nunca mais fui a uma missa com o mesmo entusiasmo cristão.

Deixa pra lá que é chegado o momento da oração pela paz. E rezei baixinho com Francisco, o único humilde exemplar argh!entino da história da humanidade: "O Senhor esteja convosco, no morro, no arrastão, nos presídios, no Congresso Nacional, nos partidos, na rampa da Esplanada dos Ministérios"...

Tô levando fé. Sei lá por quê, acho que é pelo fato de vir aí a hora da fração do pão. Caramba, Francisco pegou a maior de todas as hóstias da paróquia! Pegou um enorme naco e deu o resto para o resto.

Eu vi - juro por tudo que é mais sagrado! - um padre novinho mastigando e bebendo o corpo e o sangue de Cristo, necessariamente nessa ordem.

Isso não pode. Quer dizer, no meu tempo não podia. Ele vai pros quintos! O nosso Cara vai estar esperando-o por lá.

Aí veio outro padrezinho de pouca idade e, coisa de noviço, acabou com o vinho do cálice. Rezou o resto da missa em português, grego, hebraico e latim. Acho que o papa Francisco o entendeu e o perdoou.

Uma falha do cerimonial - ou seria da liturgia? - não havia uma fila de idosos para a comunhão; o tempo aí não foi questão de preferência. Mas nada assim tão grave que se compare com as catilinárias do Itamarati.

O que passou, passou. Veio a oração de depois da comunhão. E foi então que ao erguer a imagem de Nossa Senhora Aparecida, Francisco fez sua opção pelas minorias. A santa padroeira dos brasileiros é afro-descendente e mulher! Tão mulher quanto nossa querida e amada president@ Dilma Vana!

Tá quase dando pra minha bolinha. Sempre foi assim, as missas -por melhores que o sejam - sempre me deixam cansadinho.

Agora é a Consagração. Papa Francisco rezou pela nossa eternidade. Pronto acabou com Sarney e seu bando de imortais. Somos todos iguais perante a Lei de Deus.

E assim então recebemos a benção solene: "O Senhor esteja convosco"! Acho esse Francisco um gênio. Tenho a nítida sensação de que ele inventou essa benção agorinha mesmo.

E desse jeito e com esse sentimento de fé inabalável na costumeira humildade argh!entina, chegamos todos nós, abençoados crédulos, à despedida solene.

Agora é a nossa vez. Vamos nós, bora vamo!  Todos juntos e a uma só voz: - Viva Nossa Senhora Aparecida! Viva o Papa Francisco!

Ei, ei, ainda não terminou. Deixem que me confesse. Abram-me os vossos braços que eu vos abrirei meu coração. Só não espalhem... Eu me converti! Mas voltar a crer não é nada demais. Espantoso e que foi preciso um papa argh!entino para operar esse milagre!