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20 de nov. de 2013

Genoíno em Prosa e Verso

Eu cresci, dos cinco anos de idade aos 11 quando passei do curso de Admissão para o Ginásio, com um livro embaixo do braço, a "Seleta em Prosa e Verso". Naquele livro aprendi a ler e a interpretar contos; a versejar poemas breves; a devorar fábulas.

Uma historieta que me marcou foi a do menino que queria chamar a atenção sobre si e, num dia de praia, mesmo sem saber nadar enfiou-se na beira do mar, ajoelhou-se dentro d'água e com ondas leves à altura do pescoço fingiu que estava se afogando: - Socorro! Socorro! Não sei nadar.

Prontamente dois ou três banhistas nadaram em sua direção e realizaram o "salvamento". Frustram-se diante de todos, quando o garoto, rindo às escâncaras disse que estava brincando. Que sabia nadar, que ali era raso e que não estava se afogando. Pronto, conseguiu o que queria. Virou o centro das atenções.

Duas horas mais tarde, o garoto resolveu nadar de verdade. Atirou-se às ondas. Mentira até para si mesmo, não sabia nadar. Quando viu estava sendo tragado pelo mar. Em desespero, apelou para os veranistas que se divertiam na areia: - Socorro! Socorro! Não sei nadar! Estou me afogando!

Ninguém acreditou nele. Ninguém moveu um músculo, um olhar em sua direção. O corpo inerte e frio do menino foi encontrado na manhã seguinte a uma longa distância dali. A mentira o matou. Faltou-lhe credibilidade para salvar-se. 

E assim é também na vida dos mensaleiros. Tanto mentiram, tanto enganaram, tanto fizeram os outros de tolos que hoje, ninguém mais acredita, quando um deles - por detrás das grades de um cárcere - diz ou manda dizer que pode morrer a qualquer momento; que pode ter um mal-súbito; que seu estado de saúde é grave; que é cardiopata. Ao fim e ao cabo, a mentira não engana senão ao próprio mentiroso.