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25 de mar. de 2014

TRÂNSITO INTOLERANTE DE BRASÍLIA

Não, claro que não. O trânsito de Brasília nem se compara com o trânsito de São Paulo e do Rio de Janeiro. As vias são expressas; há viadutos por todo canto; tudo é pista de rolamento; há tesourinhas e áreas de escape aos borbotões...

Não, o trânsito de Brasília não se compara com as loucuras de Rio e São Paulo. Mas, certamente, é o trânsito de motoristas mais intolerantes e de narizes mais empinados que há sobre a face da Terra.

Todo santo dia, de terças a sextas-feiras, no período das 7 horas às 9h30, depois entre 11h45 e 14h45 e só mais para lá, das 17h30 às 21h é um deus-nos-acuda andar de carro na Capital da República.

É o Rush dos Terceirizados. Uma pressa nunca vista desses cabos-eleitorais infiltrados na máquina pública para não fazer nada, absolutamente, aonde quer que seja o destino do motorista sem limites de intolerância, prepotência e agressividade. E o pior e mais irritante é que sua pressa os leva do nada a lugar nenhum.

Parece que todos têm medo do chefe. Parece que ninguém quer perder o emprego. Parece até que eles não são chefes deles mesmos e até que nem estão acima dos servidores públicos de carreira, cujos salários estão muito abaixo desses lambe-botas terceirizados que ocupam cargos em comissão, sem um pingo de aptidão ou de preparo para executar aquilo que vivem mandando aqueles que sabem executar por eles.

O motorista da hora do Rush dos Terceirizados é agressivo, absoluto e arbitrário no trânsito porque eles têm pressa para chegar no gabinete, tomar um cafezinho, telefonar para São Paulo, sair para um almoço-executivo à la card corporativo, voltar às 14h45 e às pressas para o mesmo gabinete, tomar outro cafezinho e sair como um motorista idiota, ufano, arrogante e intolerante, tomando conta das ruas de Brasília.

É que ele não pode perder mais uma sessão de happy hour com os companheiros de facção partidária que devem ter poucas e boas para contar sobre os bastidores republicanos de mais um estafante dia de patrióticos serviços à Democracia da Silva.

Calma, calma aí. O dia só acaba quando termina. Ele, o intolerante, sai do barzão com umas que outras na cuca, dá o carteiraço no policial da blitz, bate sinal de luz na traseira de dois ou três molóides que atravancam o fluxo da via expressa, chega em casa, toma uma boa e reconfortadora ducha morna e vai pra caminha que é lugar quente e gostoso.

É quando então, ele se dá conta de que sua mulher, apesar de ser uma exímia motorista, ainda não chegou em casa. Só nesse momento ele consegue ser o cara tolerante que sempre foi, antes de vir para Brasília. E dorme o sono dos justos. E sonha com o poder e não cai da cama.