Acostumados ao status de "pessoas não comuns", cinco ministros de Dilma se recusaram a fazer mãos ao alto diante da porta do saguão de conferências do Centro de Convenções Brasil-21.
Como os seguranças de Obama insistiram na revista, Guido Mantega, Edson Lobão, Aloízio Mercadante, Paulo Renato e Fernando Pimental deram meia volta e volveram aos tempos de sua insignificância. Insignes ficantes. Não, não bateram com a cara na porta. Bateram a porta na cara deles.
A meia volta dos ministros com os quais os seguranças yankies não sabiam "com quem estavam falando" foi uma bobagem, pirraça de Vips mal e mal entendidos. Besteira, os homens da lei norte-americana só estavam se sentindo em casa.
E a revista era só para saber coisinhas bobas como marca de desodorante, cor dos olhos, grife da gravata, estado dos colarinhos brancos e se eles combinavam com a ficha limpa. mesmo assim, os suspeitos acharam que era demais. Até porque tinha um monte de gente na volta, olhando aquele barraco.
Dilma e Obama - grandes intérpretes das comoções nacionais - fizeram cara de paisagem. Os dois, inclusive, passaram incólumes pelo quarteto de tiras encarregados da portaria. Tinham mais o que pensar, como - por exemplo - encontrar um nome que não fosse o de Lula para erguer um brinde.
De outra parte, o Itamaraty não disse até agora por que ninguém revistou o Patriota. Nem explicou as razões pelas quais Dilma estava sem bolsa.
O Ministério das Relações Exteriores dos Estados Unidos não emitiu nota explicando que a medida extrema de submeter os cinco brasileiros barrados no baile foi em virtude dos insistentes boatos de que, a exemplo do que vem acontecendo nos restaurantes mais finos de Rio e São Paulo - poderia haver um arrastão em Brasília a qualquer momento.
Foto: R. Stuckert Filho/PR
Almoço de presidentes, presidenta, ex-presidentes e um vice com a bela esposa, capturada de costas pelas lentes oficiais da comunicação presidencial.
Outros acham, no entanto, que não houve desfeita alguma. É que, simplesmente, o ego de Lula não caberia na mesma mesa em que almoçaram Obama, Michelle, Dilma, Temer e sua linda mulher sempre fotografada de costas, Collor, Itamar, Sarney e FHC.
Finalmente, há os que juram de pés juntos que Lula simplesmente não aceitou o convite para ser coadjuvante de Dilma, porque ainda não desencarnou do cargo oficial de presidente da República e que, agora, já não aceita por obrigação ser apenas um reles cabo-eleitoral, função que por vocação exerceu nos dois últimos anos do seu já velho, longínquo e cada vez mais desgastado governo.