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18 de mai. de 2014

Os incomodados que se retirem!


Os incomodados que se retirem.

Uma pinoia! Eu não saio e, muito antes pelo contrário e talvez até vice versa e o que me der na telha, fico aqui batendo nas mesmas teclas dizendo o que penso do que me incomoda e de quem sistematicamente me arrepia e atordoa a paz que eu gosto de ter.

Eu sou um zoón politikon, um animal social por natureza, mas não por vocação ou profissão. Não sou filiado a nenhuma sigla partidária, não presido partido nenhum, não sou oposição e nem governo, não sou dono de instituto de palestras, de ONG, associação, de empreiteira; não sou consultor, lobista ou intermediário de negócios paraestatais; não sou fabricante de falsas verdades e nem piadista de palanque; não sou candidato a nada e nem me presto ao triste papel de puxa-saco interesseiro maquiado de super cabo eleitoral.

Sou um incomodado. Um incomodado que não se retira. Que bate pé e reclama. Um incomodado brasileiro desassossegado por quem é político por profissão, presidente de honra de siglas desonradas, dono de instituto, sem nenhum cargo ou função pública oficial.

Sou um incomodado e cutucado por quem é lobista, consultor e intermediário de maracutaias e malfeitorias; sou incomodado por um mero e tradicional cabo eleitoral que, como eu, não é nada no arcabouço do Estado, na máquina pública oficial. Sou um incomodado, mas não me retiro.

Daqui não saio; daqui ninguém me tira. E sou sistemático e repetitivo de tanto que bato nas mesmas teclas. É que os animais sociais selvagens que incomodam e desestabilizam o país em que nasci, a terra da minha existência, a sociedade em que vivo são sempre os mesmos, sistemática e intrometidamente os mesmos. Manipulados pelo mesmo de sempre.

Sou incomodado paulatinamente e paulatinamente lhes dou o troco que tenho do prejuízo que o seu manipulador me causa e causa ao Brasil, esse gigante deitado eternamente num berço que já não é mais esplêndido por causa deles e dele. Sou um incomodado. Mas não me retiro.

Se um cara é só um aposentado - de gordas aposentadorias - e se acha no direito de teimar na arte e manha de ser politicamente incorreto, de manusear e bolinar a democracia para esconder que sai com a ditadura; se ele se acha no direito de interferir e remexer e agitar e transtornar e abalar e desequilibrar e incomodar todo santo dia a minha vida e a vida da minha casa, minha calçada, minha rua, minha cidade, meu país, então pelas mesmas razões eu, um incomodado por ele e apenas um aposentado - sem as gordas aposentadorias dele - posso não me retirar e lhe dar nos dedos, sejam lá quantos dedos sejam para quantas destabacadas caras ele tenha.

É que sou um aposentado, mas não sou inativo. Eu não sou como ele em essência; mas igualzinho a ele quando o incomodo porque não me retiro.

Daqui não saio e daqui ninguém me tira. Sou um incomodado e não me retiro! "Ex-presidente", como diria o Gordo Renato, meu sociólogo de antigas mesas de bar, "é porcaria! Vale tanto quanto ser ex-marido, ex-isso e aquilo. Quero ver é ser ex-anão!".

Sou um incomodado que não se retira. Por isso podem me considerar até um bom companheiro, bom e batuta, mas não um filho como ele. Daqui não saio nem a pé, nem descalço, nem de bicicleta, nem de jumento, nem de qualquer coisa - como o palpiteiro-mor dessa República diz que o brasileiro pobre sai de casa para ir aos estádios de futebol.

Daqui não saio. Fico aqui como ficarão em casa, por falta de mobilidade urbana, os cadeirantes, as pessoas com deficiência, de quem ele sempre se esquece. Esquece, ou acha que são babacas.